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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mãe que perdeu 2 filhos na tragédia é amparada em velório em Santa Maria

Gustavo Marques Gonçalves teve morte encefálica nesta terça-feira (29).
Amigos prestaram homenagem ao amigo durante velório em Santa Maria.

Mãe de duas vitimas da tragédia, Eliane Gonçalves chegou amparada por familiares e amigos ao local onde vai velar o segundo dos seus quatro filhos em menos de três dias. Gustavo Marques Gonçalves teve morte encefálica confirmada na noite desta terça-feira (29). Ele é a mais recente vitima da tragédia de
Elaine chegou ampara ao velório do filho (Foto: Iara Lemos/ G1)Elaine chegou amparada ao velório do filho
(Foto: Iara Lemos/ G1)
Deives, irmão de Gustavo, foi enterrado no domingo (27). Ele também estava na casa noturna.  "Eles saíam de noite e eu sempre os abençoava. Me perguntavam como eu conseguia dormir com dois filhos na rua. Não adiantava sair com eles. Que Deus os abençoe", disse ao G1 a mãe dos dois jovens mortos.
O corpo de Gustavo chegou à Capela Mortuária do Hospital de Caridade perto das 10h, mas ainda demorou alguns minutos para ser liberado para o velório. Amigos e familiares transtornados se abraçavam  e choravam juntos pela morte dos irmãos. A mãe dos jovens fez questão de cumprimentar cada um dos amigos e familiares presentes na despedida do filho. De cada um, recebia abraços e palavras de consolo.
"Eu não quero que o velório seja fechado para nenhum amigo", afirmou a mãe dos jovens, que está acompanhada de psicólogos no local.
Bruna Yegros, amiga dos jovens, levou uma última homenagem aos irmãos. Em um cartaz, as fotos de Gustavo e Deives estampavam o sorriso dos dois jovens que ainda tinham muita vida pela frente. O enterro do corpo será às 16h no Cemitério Municipal.
Amigos prestam homenagem durante velório (Foto: Iara Lemos/ G1)Amigos prestam homenagem durante velório
(Foto: Iara Lemos/ G1)
Investigação da tragédia
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).
O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã de segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias. O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Também na tarde desta terça, outras informações importantes sobre o caso foram divulgadas:
1- Segundo a polícia, a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, impróprio para ambientes fechados;
2- há diversos indicativos de que a boate não deveria estar funcionando;
3- a Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio;
4- o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, recebeu uma ligação do governo do Estado e disse que foi "orientado a não falar com a imprensa".
5-  empresa entrega o gravador e diz que não foram feitas imagens do incêndio.

 

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