Rafaela Zanella auxiliou famílias que acabavam de reconhecer vítimas.
‘Queria ter tido mais estrutura para aguentar ficar lá e ajudar mais’, disse.
Miss Brasil em 2006, a médica Rafaela Zanella, de 26 anos, foi uma das
voluntárias que reservaram parte de seu tempo para ajudar as famílias de
parte dos 235 mortos no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria,
ef="http://g1.globo.com/topico/rio-grande-do-sul.html">Rio Grande do Sul.
A jovem atualmente mora em Porto Alegre e iria na segunda-feira (28)
para a cidade, onde iria celebrar o aniversário do pai. Quando soube da
tragédia, antecipou a viagem para a tarde de domingo.“Eu acordei e vi 20 ligações perdidas de meu pai. Liguei a TV e entrei na internet e me inteirei do que acontecia”, contou ao G1. Ao chegar à sua cidade natal, foi para o ginásio esportivo, onde os mortos eram levados. Apesar de ser especializada em dermatologia, se ofereceu para auxiliar os médicos da área de psiquiatria, que recebiam os parentes que haviam acabado de reconhecer as vítimas.
No fim da noite, decidiu voltar para a casa dos pais. “O velório coletivo é uma cena que tu não imagina ver um dia. Tu te depara com uma cena em que tu está totalmente impotente”, disse. “Queria ter tido mais estrutura para aguentar ficar lá e ajudar mais. [...] Não fui uma heroína, nem nada. Fiz um papel de coadjuvante. Tivemos muitos profissionais que fizeram muito mais. Eles, sim, merecem ser reconhecidos.”
Quando chegou em sua casa, chorou. Depois, demorou a pegar no sono, pois as imagens das famílias em prantos sobre os caixões não saíam de sua cabeça. Apesar da tristeza, ela afirma ter visto o que as pessoas têm de melhor. “Houve solidariedade não só de Santa Maria, mas do Brasil inteiro.”
Rafaela disse que nunca foi à Kiss, mas que conhecia bem a casa que abrigava a boate. “Lá funcionava um cursinho. Eu frequentei em 2005, acredito. Mas devem ter mudado muito a estrutura.”
Sua cidade, que até então tinha uma rotina pacata, deverá demorar para superar o que aconteceu. “Ontem mesmo, estava com meus pais na sacada quando ouvi uma sirene de bombeiro. Todos ficamos com lágrima nos olhos, lembrando do que aconteceu. É como um trauma.”
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