Deives Marques Gonçalves será enterrado nesta segunda-feira (28).
O outro filho está internado em Porto Alegre após incêndio em Santa Maria
"É muito triste. Para uma mãe é terrível." O desabafo é de Elaine Gonçalves, mãe de Deives Marques Gonçalves, morto no incêndio da boate Kiss em Santa Maria na madrugada de domingo (27), que deixou mais de 230 pessoas mortas. O outro filho dela, Gustavo, que também estava na festa, está internado em estado grave e foi transferido para um hospital de Porto Alegre.
"Sábado fez dois anos que meu marido morreu após anos doente. Minha mãe morreu há três meses. E agora perdi meu filho, que saiu de casa bonito, arrumado, feliz e contente. Estavam os dois irmãos juntos. E logo depois eu venho a saber que o Gustavo está em estado grave no hospital e o Deives morto", contou Elaine, em entrevista ao programa"Mais Você", da apresentadora Ana Maria Braga.
Segundo Eliane, seu filho Deives será enterrado na manhã desta segunda-feira (28). "Não há nenhuma queimadura no corpo do meu filho, mas o rosto dele está feio, esfolado. Eu não sei o quanto ele sofreu. Não tenho como saber o que aconteceu. É terrível".
O outro filho, Gustavo, está em Porto Alegre. "Ele sofreu queimaduras no corpo todo, mas o rosto estava perfeito. Mesmo sedado, falei no ouvido dele: 'Tua mãe está aqui, Gustavo'", disse Elaine. "Vi ele indo embora e não podia ir com ele porque até aquele momento eu não tinha nenhuma informação sobre o Deivis. Os hospitais não tinham nenhuma informação nem a prefeitura. Era uma multidão de gente chorando e buscando informações e eles não tinham nenhuma."
Ela lamentou o fato de a tragédia ter acontecido em uma festa. "Era só uma festa. O jovem vai na festa. Fui jovem e ia nas festas. Meus filhos saíram para uma e agora um está no caixão e o outro internado em estado grave."
A falta de fiscalização da boate causou revolta na mãe. "Não havia fiscalização na boate. O local estava cheio, não deixaram os rapazes saírem, trancaram a única porta. Imagina o desespero das pessoas de querer sair e não poder." Ela reclamou do fato de, segundo testemunhas, os extintores não terem funcionado e de não haver mais saídas na boate Kiss. "Era uma boate finíssima, deveria ter muito dinheiro para funcionar sem condições. Onde fica a fiscalização? Eu exijo justiça."
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, dos cursos de pedagogia, agronomia, medicina veterinária, zootecnia e dois cursos técnicos.
Pelo menos 101 das vítimas identificadas eram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, segundo informou a instituição em sua página na internet.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
"Fatalidade"
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia. A direção do estabelecimento classificou o ocorrido como uma "fatalidade", afirmou que a empresa está em "situação regular" e à disposição das autoridades. A nota foi emitida pelo grupo de advogados associados Kümmel & Kümmel, que representa os proprietários da boate.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia. A direção do estabelecimento classificou o ocorrido como uma "fatalidade", afirmou que a empresa está em "situação regular" e à disposição das autoridades. A nota foi emitida pelo grupo de advogados associados Kümmel & Kümmel, que representa os proprietários da boate.
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